A internação psiquiátrica tem diversas indicações médicas. A principal indicação é possibilitar cuidar de um paciente que está passando por riscos agudos (intoxicação de drogas, surto psicótico, risco de auto-agressão, risco de suicídio, risco de heteroagressão, déficit de auto-cuidados, exposição física ou sexual, exposição moral, risco ao patrimônio, entre outras). Também poderão ter indicação pacientes que necessitam observação para avaliação diagnóstica, necessidade de ajuste de medicação, prevenção de recaída do uso de substâncias, reestruturação da rede de cuidados após alta.
As internações são voluntárias na maioria das vezes, ou seja, o paciente concorda com a indicação e aceita internar. Em casos de exceção, após criteriosa avaliação médica presencial e com concordância de um familiar responsável, havendo comprovação que a pessoa não está em condições mentais de compreender os seus riscos e a necessidade de ser protegida, a internação involuntária poderá ser realizada. Nestes casos, legalmente a autoridade do Ministério Público deve ser comunicada expressamente, sendo descritos os motivos que geraram e a justificativa desta decisão drástica.
A internação psiquiátrica é um meio, e não o fim do tratamento. As internações de situações agudas e graves são realizadas em Clinicas psiquiátricas específicas. Após a estabilização e melhora do paciente, ele recebe a alta médica assim que tiver condições e deve dar continuidade no tratamento em formato mais adequadopara seu caso. Um paciente estabilizado e voluntário pode ter continuidade em sua casa e ambulatorialmente, ou internação em comunidades terapêuticas ou estadia em Casas de Sobriedade (vide Casa Tahoma). A família pode agendar consulta de avaliação para definir a melhor indicação para cada caso.
Logo após a alta é importante revisões médicas mais frequentes com finalidade de observar evolução da melhora, sinais precoces de piora, ajuste de medicação, controle de exames laboratoriais, esclarecimentos de dúvidas. Tudo isto visa o completo reestabelecimento da crise aguda. Esta "cicatrização cerebral" pode levar semanas a meses. A maioria das recaídas precoces estão relacionadas a um seguimento insatisfatório após alta.
Dr. Pedro Jakobson
Médico Psiquiatra
Porto Alegre - RS