MÉDICO PSIQUIATRA E PSICOTERAPEUTA

Pânico

Ataque ou transtorno?

Temos reações normais e esperadas no organismo para situações de perigo real. Imagine-se em um assalto eu de frente com uma fera carnívora. O coração dispara, respiração rápida quase ofegante, olhos arregalados. Mas quando isto acontece de forma inesperada, espontânea, sem uma situação clara, chamamos de ataque de pânico. Há interpretação de que situações catastróficas estão prestes a acontecer. A sensação de medo e desconforto vai ficando cada vez maior, e os sintomas físicos também.  O “alarme” disparou mas não necessariamente está desregulado. Pode ser um evento isolado que não se repetirá.

Quando ataques de pânico ocorrem repetidamente, e/ou  trazem consigo a preocupação de ter novas crises, chamamos de transtorno de pânico. Surge o “medo de ter medo”, que faz com que a pessoa comece a evitar situações ou lugares com muita gente ou fechados (agorafobia).

 Os principais sintomas físicos são: palpitação, tremor, suor, falta de ar, sensação de desmaio, náusea, desconforto abdominal, tontura, calorão, formigamento. Os principais sintomas psicológicos são: medo perder o controle ou enlouquecer, medo de morrer subitamente, ter a sensação de desconhecimento do local que está ou de si próprio.

O primeiro passo do tratamento é orientar o paciente sobre o que está acontecendo com ele, como funciona o “sistema de alarme”, quais as consequências possíveis, e como ajudar a regulá-lo novamente. O tratamento tem objetivo também prevenir novos ataques e também reduzir a ansiedade antecipatória e as evitações que prejudicam a qualidade de vida.

A avaliação completa do paciente é fundamental. Pode haver outras manifestações ou doenças associadas que precisam ser tratadas conjuntamente, como por exemplo depressão. Só então define-se por medicação (dentre várias possibilidades, o médico deve estar preparado para indicar a mais adequada para cada paciente) e/ou psicoterapia.

O tratamento geralmente tem um tempo definido de um a dois anos a partir do momento que a pessoa deixa de ter as crises, para evitar recaídas. Alguns necessitarão continuidade por prazos mais longos.

Sabe-se que há fatores que contribuem com a estabilização e fatores que propiciam a recorrência. Alterações no estilo de vida, como sono de melhor qualidade e exercícios físicos são benéficos. Situações de stress e uso excessivo de cafeína podem precipitar pioras.

 Dr. Pedro Jakobson

Médico Psiquiatra

Porto Alegre -RS